Uma nova investigação da Universidade de East Anglia (Inglaterra) vincou os riscos de os países apostarem em soluções baseadas na natureza para atingir as emissões zero líquidas. Segundo explicado em comunicado, o estudo descobriu que, assim que a maioria das emissões seja reduzida, os países planeiam ‘neutralizar’ as restantes emissões através da remoção de carbono pelas florestas e solos.
No entanto, os investigadores alertam para os riscos uma vez que, quer o solo, quer as florestas estão ameaçadas por impactos como os incêndios, doenças, alterações nas práticas agrícolas ou desflorestação. Tal poderia resultar na perda de algum do carbono armazenado.
O estudo mostra ainda que a maioria das estratégias submetidas para a Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas não quantificam a quantidade de ‘remoção’ de carbono necessária em 2050.
Os investigadores apelam para que os requisitos de informação sobre os planos climáticos nacionais a longo prazo sejam urgentemente reforçados.
“A utilização da remoção de dióxido de carbono é essencial para atingir metas globais e nacionais de emissões líquidas zero, mas pouca atenção tem sido dada à sua implementação prática pelos países”, disse o autor principal do estudo, Harry Smith.
“As remoções baseadas na natureza, como a utilização de florestas e solos, continuam a ser vitais para enfrentar os desafios da biodiversidade e da adaptação climática, mas podem ser arriscadas se forem usadas como única forma de remover o carbono. Os países também devem explorar métodos de remoção de carbono industriais. Para enfrentar o desafio do carbono zero, precisamos de ambos”, declarou.
O estudo analisou 41 estratégias a longo prazo para emissões reduzidas submetidos à UNFCCC antes do início de 2022 – e totalizando 3 885 páginas – para determinar como os países quantificam e discutem o a questão. As estratégias analisadas são maioritariamente dos países do norte do planeta e cobrem 58% das emissões globais de gases com efeito de estufa de 2019 e cerca de 74% do PIB global.
Os resultados mostram que o reforço da sequestração de carbono da floresta e do solo são as estratégias mais defendidas, mas só são explicitamente quantificados em 12 casos. As restantes dificuldades em descarbonizar as emissões até 2050 só são quantificadas em 20 estratégias e a maioria delas utiliza as florestas para atingir metas nacionais de emissões zero líquidas.