Reciclagem

Investigadores inserem amido no bioplástico para facilitar compostagem

Investigadores inserem amido no bioplástico para facilitar compostagem

Investigadores da Michigan State University nos Estados Unidos da América desenvolveram um bioplástico, com amido, que permite a sua compostagem em ambientes domésticos e industriais.

Segundo explicado em comunicado, a investigação publicada na revista científica ACS Sustainable Chemistry & Engineering trabalhou com o polímero PLA (ácido polilático), derivado dos açúcares das plantas e em utilização em embalagens por mais de uma década. Este polímero produz resíduos naturais (água, dióxido de carbono e ácido lático) e é compostável em ambiente industrial. No entanto, em ambiente doméstico isso não é possível.

O primeiro autor do estudo Pooja Mayekar lembra-se que “as pessoas se riam da ideia de desenvolver a compostagem doméstica de PLA”, porque “os micróbios não conseguem atacar e consumir PLA normalmente. Tem de ser decomposto até um ponto em que possam utilizá-lo como alimento”.

Os investigadores notam que em ambiente industrial existem configurações que podem levar o PLA a atingir esse ponto, mas estas não são rápidas nem totais. “Na verdade, muitos empresas de compostagem industriais ainda evitam aceitar bioplásticos como o PLA”, explica o líder da investigação Rafael Auras.

Nas suas experiências, a equipa revelou que o PLA pode esperar 20 dias antes que os micróbios comecem a digeri-lo em condições de compostagem industrial. Para acelerar esse período de espera e possibilitar a compostagem doméstica, os investigadores integraram amido termoplástico no PLA. O amido permite alimentar os micróbios enquanto o PLA se degrada.

“Quando falamos sobre a adição de amido, isso não significa que continuamos a despejar amido na matriz do PLA”, explica Pooja Mayekar. “Tratava-se de tentar encontrar um ponto ideal com amido, para que o PLA se degradasse melhor sem comprometer as suas outras propriedades.”

O investigador pós-doutorado Anibal Bher, antes do início do novo estudo, já estava a formular diferentes misturas de amido termoplástico no PLA para observar como elas preservavam a força, clareza e outras características desejáveis dos filamentos regulares de PLA.

Em conjunto com a equipa, observaram como esses diferentes filamentos se quebraram ao longo do processo de compostagem quando realizados em diferentes condições.

Apesar de demonstrarem a possibilidade, o líder da investigação Rafael Auras considera que isto por si só não é suficiente para garantir a adoção comercial, como os desafios ao nível técnico, o ceticismo da indústria de compostagem e a ideia errada na sociedade que os materiais biodegradáveis e compostáveis se decompõem relativamente rápido em qualquer ambiente.

“Se as pessoas pensam que desenvolvemos algo biodegradável para que possa ser jogado fora, isso vai piorar o problema”, explica Rafael Auras. “A tecnologia que desenvolvemos destina-se a ser introduzida em cenários de gestão ativa de resíduos.”

 

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