O investimento para a produção e pesquisa de baterias está a aumentar globalmente, com entidades como, por exemplo, a União Europeia a financiar projetos. Anúncios como a da General Motors, que quer que todos os seus carros sejam elétricos até 2035, estão por detrás dessa procura, noticia o jornal americano The New York Times.
De acordo com a Wood Mackenzie, uma empresa de pesquisa energética e de consultoria, os veículos elétricos vão constituir 18% das vendas de carros novos até 2030. Isso levaria a que a procura por baterias pudesse aumentar 8 vezes mais que a atual capacidade de produção. Em Portugal, por exemplo, no primeiro semestre de 2020, 11% dos carros vendidos já eram elétricos.
O mercado de produção de baterias é atualmente dominado por empresas como a Tesla, a Panasonic, a LG Chem, a BYD China e a SK Innovation. Quase todas delas estão baseadas na China, no Japão e na Coreia do Sul. No entanto, estão a surgir várias start-ups.
Uma delas é a QuantumScape, uma start-up de Silicon Valley financiada por investidores como, por exemplo, a Volkswagen e o Bill Gates. A empresa já vale mais na bolsa que a empresa automóvel Renault.
Investimento governamental
Várias entidades governamentais começaram também a investir na tecnologia das baterias. A China, por exemplo, ajudou a Contemporary Amperex Technology a alcançar sucesso. Já a União Europeia, anunciou no mês passado, a criação de um fundo de 2.9 mil milhões de euros para fabrico e pesquisa de baterias. De acordo com a consultora Accenture, esse valor complementa os 60 mil milhões que governos e empresas europeias já tinham revelado querer investir.
No caso português, por exemplo, como noticia a RTP, no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que utiliza fundos europeus, está previsto um projeto transfronteiriço com Espanha, para a exploração de lítio e para o desenvolvimento de baterias elétricas para automóveis.
Jorge Rosa, presidente da divisão industrial da Associação Automóvel de Portugal, já defendia a importância de uma fábrica deste tipo, noticia o Jornal de Negócios. “Sem uma fábrica de baterias para veículos elétricos na Península Ibérica será muito difícil a indústria automóvel de Portugal e Espanha manterem a sua relevância no futuro”, defendeu no webinar “Indústria Ibérica do Automóvel: Perspetivas e Oportunidades”.
Maior parte dos especialistas ouvidos pelo NYTIMES estão certos de que a procura por baterias vai dar mais poder à China. Com base em projeções da consultora de gestão Roland Berger, a quota da China na produção vai diminuir apenas ligeiramente durante a próxima década.
Apesar desta procura, existe ainda um caminho longo por percorrer. “Acho que estamos na fase da infância”, disse Andy Palmer, o ex-presidente executivo da Aston Martin. Andy Palmer é agora vice-presidente não executivo da InoBat Auto, uma start-up de baterias. “Há mais dinheiro do que ideias”, acrescenta, em declarações ao NYTIMES.