A empresa de investigação BloombergNEF (BNEF) revelou que a energia solar e a eólica combinadas contribuíram para mais de 10% da produção elétrica pela primeira vez durante o ano de 2021. Apesar disso, a procura geral por eletricidade, a produção de energia através do carvão e as emissões aumentaram no ano passado.
“Novos picos na produção de carvão são um sinal preocupante para a economia, a nossa saúde e a luta contra as alterações climáticas. Este relatório deve ser um grito de mobilização para os líderes de todo o mundo de que a transição para energias limpas requer ações maiores e mais ousadas, incluindo ações que capacitam as nações que menos contribuíram para as alterações climáticas – mas que têm muitas das suas piores consequências – para fazerem progressos na sua resolução”, declarou o UN Secretary General’s Special Envoy for Climate Ambition and Solutions, Michael R. Bloomberg.
As energias renováveis no plano geral
Segundo explicado em comunicado, em 2021, a contribuição da energia eólica subiu para 8,6% e da energia solar para 3,7%. Combinadas, o valor foi de 10,5%. Há uma década, o valor combinado era inferior a 1%.
No total, 39% da energia produzida em 2021 foi neutra em carbono, com a produção hidroelétrica e a nuclear a alimentarem pouco mais de um quarto das necessidades elétricas mundiais.
Todos os anos, desde 2017, a energia eólica e a energia solar têm sido responsáveis pela maior parte da nova capacidade geradora de energia adicionada às redes globais. A energia neutra em carbono representou 85% de toda a nova capacidade adicionada no ano passado. A energia solar compôs metade da capacidade global adicionada. Em Portugal, assim como na maioria da Europa, foi a solar a mais dominante a nível de capacidade adicionada.
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O relatório da BNEF mostra ainda que a procura por eletricidade aumentou 5,6%. A produção abaixo do esperado das centrais hidroelétricas e o aumento dos preços do gás natural também ajudaram a colocar a energia a carvão novamente no centro das atenções em mais mercados.
A produção das centrais a carvão bateu recordes ao aumentar 8,5% entre 2020 e 2021. Mais de 85% dessa geração veio de dez países, com a China, a Índia e os EUA a representarem 72%.
Entretanto, os países continuaram a concluir as construções de novas centrais a carvão em 2021, e o carvão ainda representa a maior fatia da capacidade global em 27%. Apesar disso, a velocidade a que novas centrais estão a ser adicionadas à rede está a abrandar, com apenas 13 gigawatts adicionados em 2021 face aos 31 gigawatts em 2020 e os 83 gigawatts em 2012.
No entanto, as emissões do setor energético aumentaram 7%, atingindo um novo máximo de 13 600 megatoneladas de CO2, de acordo com as estimativas da BNEF.