A Agência Internacional de Energia (AIE) revelou que a geração de energia renovável está a crescer mais rápido que a procura geral por energia este ano. Em comunicado, a agência nota que é esperada que a procura cresça apenas 2,4%, enquanto no ano passado esta aumentou 6%.
O Electricity Market Report da AIE nota que para este menor aumento da procura contribuem o enfraquecimento do crescimento económico e o aumento dos preços da energia após a invasão da Ucrânia pela Rússia.
“Embora se espere que a procura de eletricidade continue numa trajetória de crescimento semelhante até 2023, a perspetiva é coberta pela turbulência económica e pela incerteza sobre como os preços dos combustíveis podem ter impacto no mix de energia”, nota a agência.
Relativamente à energia renovável, a sua geração vai aumentar mais de 10% durante este ano. Apesar do declínio da energia nuclear em 3%, o aumento da geração de energia de baixo carbono deverá aumentar 7%, levando a uma descida de 1% no total de energia fóssil gerada. Como resultado, as emissões de CO2 do setor de eletricidade global vão diminuir face ao máximo histórico de 2021. No entanto, a queda é de menos de 1%.
No primeiro semestre de 2022, os preços médios do gás natural na Europa foram quatro vezes mais elevados do que no mesmo período em 2021, enquanto os preços do carvão foram mais de três vezes mais elevados, o que resultou em preços grossistas de eletricidade mais do que o triplo em muitos mercados. O índice de preços da AIE para os principais mercados grossistas globais de eletricidade atingiu níveis que foram o dobro da média do primeiro semestre do período 2016-2021.
Devido à situação com o gás russo, o carvão está a substituir o gás natural. Globalmente, o uso de carvão para energia deverá aumentar ligeiramente este ano, com o aumento na Europa a ser balanceado com as contrações na China (devido ao aumento das renováveis e a subida modesta da procura) e nos EUA (devido a constrangimentos na capacidade de abastecimento e de capacidade nas centrais a carvão).
“O mundo está no meio da primeira crise energética verdadeiramente global, desencadeada pela invasão da Ucrânia pela Rússia, e o setor elétrico é um dos mais afetados”, disse o diretor de Mercados de Energia e Segurança da AIE, Keisuke Sadamori. “Isto é especialmente evidente na Europa, que está a passar por uma forte turbulência no mercado da energia, e nas economias emergentes e em desenvolvimento, onde as perturbações no fornecimento e o aumento dos preços dos combustíveis estão a colocar enormes tensões nos sistemas de energia frágeis e a resultar em apagões”, exemplificou.
No seu entender, “os governos têm de recorrer a medidas de emergência para enfrentar os desafios imediatos, mas também precisam de se concentrar na aceleração do investimento em transições de energia limpa como a resposta duradoura mais eficaz à atual crise”.