Falta de mais automóveis elétricos em território nacional e de medidas de incentivo à instalação de pontos de carregamento é o alerta deixado pelo estudo “Mobilidade Elétrica em Portugal: Onde estamos e para onde vamos?”, realizado em outubro, pela Católica Lisbon School of Business & Economics.
De acordo com o comunicado de imprensa, o estudo analisou o setor dos transportes, rodoviário, marítimo, aéreo e ferroviário, avaliando o peso de cada um destes segmentos em termos de consumo energético, poluição e adesão às formas de mobilidade elétrica.
A análise concluiu que Portugal tem já condições para responder a um aumento da procura de carregamento elétrico através de um modelo mais aproximado à atual rede de combustíveis fosseis, adaptando a infraestrutura para esse efeito nomeadamente no que respeita aos postos de carregamento rápidos e ultrarrápidos.
Além disso, a investigação concluiu também que é necessário reforçar a transparência dos preços de carregamento e investir em novos modelos de concessão de autoestradas, que permitam ter portagens subsidiadas, sistemas de portagens que permitam reduzir o congestionamento em horas de ponta e o uso de vias prioritárias, como os corredores dedicados para transportes públicos.
Para Joana Silva, Professora da CATÓLICA-LISBON, “o progresso de Portugal no setor dos veículos elétricos (EVs) é notável e já existem cerca de 130 mil veículos 100% elétricos, mas Portugal não atingirá as metas de neutralidade carbónica até 2035 e 2050, mesmo que todos os novos veículos vendidos a partir de hoje sejam elétricos”.
O estudo refere ainda que faltam postos rápidos e ultrarrápidos adequados aos fluxos fora das grandes cidades e que apenas existem apoios públicos à infraestrutura em condomínios, sendo necessários grandes investimentos em carregadores na via pública rápidos e ultrarrápidos.
É ainda assinalado pela análise que, em Portugal, já há estacionamento gratuito para veículos elétricos em várias cidades, mas faltam medidas como subsidiação de portagens e acesso a vias prioritárias para esse tipo de veículos bem como locais para carregamento público. Em relação à aquisição de veículos, é mencionado que Portugal já implementa subsídios e créditos fiscais para a mobilidade elétrica, mas, no entanto, faltam políticas que incentivem diretamente a substituição de carros antigos e poluentes.
Perante este cenário, o estudo indica duas prioridades: é necessário incentivar a renovação do parque automóvel baseado em motores de combustão interna para um parque elétrico – que neste momento representa 3% do parque automóvel nacional – e, também, procurar um melhor equilíbrio entre o transporte individual e o transporte coletivo.
A par disto, é também salientado que são precisos incentivos à instalação de carregadores rápidos e ultrarrápidos para viagens de longa distância, um problema que se agrava porque metade dos carregadores do país estão nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto e 101 municípios no país não têm qualquer instalação de carregamento rápido.
Neste sentido, o estudo defende também a criação de maiores facilidades à utilização dos veículos elétricos, como o acesso a vias prioritárias, subsidiação de portagens, estacionamento em todas as cidades portuguesas e apoios à aquisição superiores para quem substitui carros antigos e poluentes.
O estudo assinala ainda a importância de se tornar o preço de carregamento totalmente transparente e de se permitir o pagamento com cartão bancário em todos os postos, aproximando a experiência de carregamento dos veículos elétricos ao dos veículos com motor a combustão.
Ainda na facilidade de carregamento, a investigação sugere a necessidade de facilitar o acesso, uma vez que 42% das habitações não tem garagens, nem condições para a instalação de carregadores e, salientam que o preço do carregamento na via publica (carregamento rápido) é tão caro como o abastecimento de gasóleo.
Segundo Joana Silva o estudo conclui que é essencial “aumentar os apoios à compra de EVs para quem substitui veículos antigos e poluentes, facilitar o uso de EVs com acesso a vias prioritárias, subsidiação em portagens e estacionamento em todas as cidades”.
Além disso, sublinha ser ainda essencial “examinar o modelo organizativo do setor, identificando oportunidades para, através de maior concorrência, aumentar a oferta de postos de carregamento e reduzir os preços para os utilizadores, assegurar transparência nos preços de carregamento e permitir pagamento com cartão bancário em todos os postos, equiparando a experiência à dos veículos de combustão, priorizar a instalação de carregadores rápidos e ultrarrápidos para viagens de longa distância, e promover acesso a transportes públicos de qualidade como uma alternativa sustentável ao uso individual de veículos”.