Mobilidade

A ‘marcha-atrás’ nas zero emissões de CO2 para novos carros

A ‘marcha-atrás’ nas zero emissões de CO2 para novos carros

Numa decisão de última hora, a Alemanha decidiu voltar atrás no apoio às zero emissões de CO2 para os novos carros em 2035. Perceba o papel dos combustíveis sintéticos na decisão.

Apresentado em julho de 2021 pela Comissão Europeia, o Parlamento Europeu e o Conselho da União Europeia (onde estão presentes os ministros dos estados-membros) tinham chegado a um acordo em outubro do ano passado. Já a meio de fevereiro, o Parlamento Europeu tinha acabado de formalmente aprovar o acordo. Só faltava o ‘sim’ final do Conselho, quando a Alemanha comunicou a sua decisão. O voto final estava provisoriamente agendado para 7 de março.

“Esta é a primeira vez que um Estado-membro, depois de ter dado o seu acordo ao COREPER (Comité de Representantes Permanentes dos Governos dos Estados-Membros da União Europeia), volta atrás na sua palavra ao formalizar este acordo”, denunciou, citado pelo portal Euractiv, o presidente da Comissão do Ambiente, da Saúde Pública e da Segurança Alimentar do Parlamento Europeu, Pascal Canfin.

O eurodeputado francês considera que “isto é algo inaceitável em termos de mentalidade europeia. Imagine que cada estado europeu procede desta forma – nunca mais haveria acordo possível a nível europeu”.

Se a Alemanha não apoiar a lei, esta terá de ser renegociada ou abandonada. A Itália e a Polónia já indicaram que vão votar contra, com a Bulgária na abstenção. A República Checa deve assumir o mesmo caminho que a Bulgária.

De acordo com as regras do Conselho da UE, basta quatro estados-membros, que juntos componham a maioria da população, para formar uma minoria que bloqueia a aprovação da lei – algo já atingido.

O papel dos combustíveis sintéticos nos carros

A decisão da Alemanha surge numa tentativa de incluir os combustíveis sintéticos nos objetivos, algo que não estava previsto. O partido FDP, que faz parte da coligação que governa a Alemanha, advoga a sua inclusão como tecnologia complementar aos veículos com baterias elétricas.

A Alemanha defende que, se produzidos com energia renovável, “os combustíveis sintéticos são neutros para o clima”. Uma das maiores críticas a este tipo de tecnologia é a ineficiência energética em comparação com as baterias elétricas.

O texto final da lei inclui um pedido para a Comissão Europeia preparar um relatório de como podem os carros movidos a combustível sintético ser registados para venda após 2035, mas não é vinculativo.

O ministro dos transportes alemão Volker Wissing afirma que só iria apoiar a lei quando a Comissão Europeia garantir que vai apresentar uma proposta para utilização de combustíveis fósseis como solução neutra em carbono para motores a combustão. Até ao momento, a Comissão Europeia ainda não garantiu que vai avançar com essa proposta.

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