O Conselho Português para a Saúde e Ambiente (CPSA), que congrega 62 organizações ligadas ao setor da saúde, alertou que o enquadramento legal português está “obsoleto e impede disseminação de práticas sustentáveis no setor da saúde”.
A entidade lembra que o setor da saúde é responsável, em Portugal, por 4,8% da emissão de gases com efeito de estufa, uma percentagem superior à média europeia. Por isso, apela para que a redução da pegada ecológica seja uma prioridade política, com metas definidas de neutralidade carbónica, e defende o desenvolvimento e implementação de boas práticas de sustentabilidade ambiental nas instituições de saúde.
De acordo com o CPSA, a legislação sobre resíduos hospitalares, que data de 1996, (despacho 242/96), está em contraciclo com as orientações da Organização Mundial de Saúde. Além disso, pedem que exista uma revisão da suspensão da reutilização de dispositivos médicos de uso único, certificados pela CE, decidida em 2021, prática corrente nos países da Europa com maiores Índices de Transparência e de Desenvolvimento Humano.
Cada cama hospitalar gera, por dia, cerca de seis a oito quilos de lixo. O valor representa mais de 100 mil toneladas de lixo por ano. A pegada ecológica de um doente em internamento é cerca de quatro vezes superior à de um cidadão vulgar.
O CPSA nota que exemplos de melhores práticas sustentáveis são:
- otimização da triagem dos lixos;
- opção por materiais reutilizáveis;
- racionalização dos conjuntos pré-formatados;
- abandono da prescrição de inaladores ou de anestesia com gases com efeito de estufa;
- opção por energias renováveis, uma melhor gestão dos equipamentos elétricos e de ar condicionado;
- utilização de lâmpadas LED;
- diminuição do desperdício alimentar, entre outros.