Um estudo preliminar, publicado no jornal cientifico Nature, revela que a pesca de arrasto de fundo, a prática de arrastar enormes redes ao longo do fundo do oceano para captura de peixe, liberta tanto dióxido de carbono (CO2) no oceano, como a aviação global no ar.
Outro das conclusões do estudo, noticiado pelo The New York Times, é que a proteção de zonas estratégicas do oceano do efeito da pesca, perfuração e mineração não iria só salvaguardar espécies ameadas e sequestrar quantidades de CO2, como também melhorar a pesca de peixe no geral.
Em declarações ao NYTIMES, o biólogo marinho que liderou a equipa de investigação, Enric Sala, afirma que “é uma vitória tripla”.
Só para maximizar a pesca de peixe, o estudo descobriu, que as nações precisavam de reservar 28% do oceano para conservação. De acordo com a pesquisa, isso acontece porque as zonas proibidas à pesca ajudariam à repopulação das espécies que depois iriam dispersar-se além dessas zonas.
Pesquisa sobre CO2 na pesca de arrasto
A equipa não tinha planeado inicialmente calcular a quantidade de emissões libertadas pelas redes de arrasto até que um revisor externo da Nature o exigiu, disse o investigador Enric Sala. Então a sua equipa contratou um investigador adicional e começou a trabalhar.
“Não podia acreditar”, recordou, descrevendo a videochamada de quando os seus colegas revelaram o número de emissões. “Imediatamente fui ao Google e verifiquei as emissões globais por setor e por país, e disse: ‘Uau, isto é maior do que o da Alemanha.’”, acrescentou.
De acordo com o estudo, o carbono libertado no fundo do mar leva a água mais acidificada, ameaçando a vida marinha, e reduz a capacidade dos oceanos de absorver dióxido de carbono atmosférico. A pesquisa revela que a China, a Rússia, a Itália, o Reino Unido e a Dinamarca lideram o mundo nestas emissões da pesca de arrasto.
Uma das autoras do estudo, Trisha Atwood, está neste momento a desenvolver com outros investigadores um estudo para perceber se o CO2 do fundo do oceano acaba por escapar para o ar. Em declarações ao jornal norte-americano, afirma que os dados iniciais indicam que “uma grande proporção” escapa.