Um grupo de especialistas, cientistas e líderes políticos assinou uma carta aberta promovida pelo Clube de Roma, plataforma de líderes que identifica soluções holísticas para problemas complexos globais, a apelar a alterações no processo de negociação da Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP).
Numa carta dirigida ao secretário-geral da ONU, António Guterres, e ao secretário executivo das Nações Unidas para as Alterações Climáticas, Simon Stiell, o grupo apela a mais frequentes e menores reuniões, em vez de uma só grande anualmente. O objetivo seria manter o ritmo, focar em objetivos funcionais e assegurar que os governos não são as únicas vozes ouvidas durante as discussões oficiais.
A carta pede que a atual estrutura com diferentes zonas separadas das negociações seja abandonada e que a reunião da COP seja reformulada em sessões de reporte, contabilidade e de trabalho. O grupo defende que intervenientes não estatais com soluções e ideias devem ser trazidos para dentro das negociações e não isolados em eventos paralelos, como jovens e populações indígenas.
Apela-se ainda a que as instituições financeiras tenham um papel central nas sessões de trabalho de forma a assegurar planos de trabalho tangíveis e alcançáveis. Aliado a isso, defende-se que todas as decisões e discussões devem ter em conta as diferenças regionais, a fim de assegurar uma transição global justa.
Entre os signatários estão: a CEO da European Climate Foundation, Laurence Tubiana; a ex-presidente da Irlanda, Mary Robinson; e o ex-secretário geral da ONU, Ban Ki-moon.
“Sem uma transformação rápida e radical, o processo da COP não conseguirá proporcionar um clima seguro para a humanidade. Como disse António Guterres, estamos numa estrada para o inferno climático, temos de escolher agora tirar o pé do acelerador e começar a implementar um plano de emergência sustentado por futuras COP’s eficazes que nos permitam sair da emergência planetária que temos diante de nós, comenta a copresidente do Clube de Roma, Sandrine Dixson-Declève.
Por sua vez, o diretor do Instituto Potsdam para a Investigação do Impacto Climático, Johan Rockström, aponta que “o processo da COP permanece, do ponto de vista da ação climática, completamente desconectado da necessidade científica”.
“Embora este processo avance com novas metas e promessas, as emissões e temperaturas globais continuam a aumentar, e os extremos climáticos ocorrem com mais frequência e com mais gravidade do que o esperado. Este progresso letárgico está totalmente em desacordo com a ciência climática e os danos e riscos climáticos do mundo real”, defende.