Portugal ocupa a 16.ª posição entre os 167 países que integram o ranking de cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas, com uma pontuação de 80,2. A listagem é liderada pela Finlândia (86,4), Suécia (85,7) e Dinamarca (85).
A conclusão é da 9.ª edição do Relatório de Desenvolvimento Sustentável, divulgado pela Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável (SDSN) das Nações Unidas, que avança ainda que Portugal se encontra “ligeiramente” acima da média regional (77,2), com mais de metade dos ODS definidos como “alcançado” ou “em progresso”.
De acordo com o relatório, a erradicação da pobreza foi o único objetivo alcançado por Portugal, tendo ainda destacado avanços nas áreas da igualdade de género, energia limpa e acessível, e cidades e comunidades sustentáveis.
Já relativamente ao ODS 2 (Fome Zero), ODS 12 (consumo e produção não sustentável), ODS 13 (ação climática), ODS 14 (vida marinha) e ODS 17, a análise indica que apresentam aspetos muito desafiantes.
O cumprimento dos objetivos foi avaliado através de quatro cores: verde, amarelo, laranja e vermelho, com o verde a significar que o país alcançou o objetivo proposto ao vermelho, que representa a continuação de grandes obstáculos para cumprir as metas da ONU até 2030.
“O mundo enfrenta grandes desafios globais, incluindo crises ecológicas graves, crescentes desigualdades, tecnologias disruptivas e potencialmente perigosas, e conflitos mortais. Estamos numa encruzilhada. Antes da Cimeira do Futuro da ONU (Summit of the Future), a comunidade internacional deve avaliar as conquistas vitais e as limitações do sistema das Nações Unidas e trabalhar para modernizar o multilateralismo para as décadas seguintes”, afirmou Jeffrey D. Sachs, Presidente da SDSN e autor principal do relatório.
A análise também concluiu que, em média, apenas 16% das metas estão a caminho de ser alcançadas até 2030, com os restantes 84% a demonstrar progresso limitado ou até reversão.
Segundo a análise, a nível global, o progresso dos ODS estagnou desde 2020, com os ODS 2 (Fome Zero), 11 (Cidades e Comunidades Sustentáveis), 14 (Vida na Água), 15 (Vida Terrestre) e 16 (Paz, Justiça e Instituições Fortes) “particularmente fora de rumo”.
Já as cinco metas que registaram uma maior reversão de progresso desde 2015 incluem: taxa de obesidade (ODS 2), liberdade de imprensa (sob ODS 16), índice de lista vermelha (sob ODS 15), gestão sustentável do nitrogénio (sob ODS 2), e – devido em grande parte à pandemia de COVID-19 e outros fatores que podem variar entre os países – esperança média de vida ao nascer (ODS 3).
As metas e objetivos relacionados com o acesso básico à infraestrutura e serviços, incluindo ODS 9 (Indústria, Inovação e Infraestrutura), “mostram tendências ligeiramente mais positivas, embora o progresso continue a ser demasiado lento e desigual entre os países”, refere a nota de imprensa.
De acordo com a investigação, o ritmo de progresso dos ODS “varia significativamente entre grupos de países”, continuando os países nórdicos a liderar na realização dos ODS.
Além disso, o relatório também concluiu que o desenvolvimento sustentável continua a ser um desafio de investimento a longo prazo, alertando que reformar a arquitetura financeira global “é mais urgente do que nunca”.
A par disto, a análise também indica que as metas relacionadas com os sistemas alimentares estão particularmente fora de rumo. Neste sentido, o Relatório de Desenvolvimento Sustentável 2024 refere que, a nível global, 600 milhões de pessoas ainda sofrem de fome, a obesidade está a aumentar globalmente, e as emissões de gases de efeito estufa (GEE) provenientes da Agricultura, Silvicultura e Outros Usos da Terra (AFOLU) representam quase um quarto das emissões globais anuais de gases de efeito estufa.
Para combater este caminho, o relatório avança a necessidade em prosseguir com os compromissos já assumidos pelos países. E apesar de afirmar que não são ainda suficientes, aponta algumas medidas adicionais para alavancar o desempenho dos Estados-Membros nesta matéria: evitar o consumo excessivo de proteínas de origem animal, com alterações de comportamentos compatíveis com as preferências culturais; investir para fomentar a produtividade, especialmente para produtos e áreas com forte crescimento de procura; e implementar sistemas de monitorização inclusivos, robustos e transparentes para travar a desflorestação.
O relatório foi apresentado dia 17 de junho, em Lisboa, às 14:30, numa conferência de imprensa com o presidente da SDSN Global, Jeffrey Sachs, no Centro Ismaili Lisboa.
Desde 2016 que o Relatório de Desenvolvimento Sustentável tem classificado o desempenho de todos os Estados-Membros da ONU no que diz respeito aos ODS.