A mobilidade tem vindo a transformar-se ao longo dos últimos anos e cresce o número de adeptos e advogados dos meios de locomoção mais suaves. A bicicleta começa a ganhar espaço no mix de transportes usados pelos cidadãos dentro das cidades e, a propósito da celebração do Dia Mundial da Bicicleta (3 de junho), a MUBi defende, por isso, publicamente, uma maior aposta neste meio de transporte.
Assim, em comunicado, a associação lembra alguns dados da Organização Mundial de Saúde, reforçando os benefícios para a saúde da utilização desta forma de locomoção: fazer deslocações de bicicleta 20 minutos por dia reduz o risco de mortalidade em mais de 10%, o risco de doenças cardiovasculares em 10%, o risco de diabetes tipo-2 em 30% e o risco de cancro em 30%, segundo a Organização Mundial da Saúde[2].
Continuando, a MUBi acrescenta que “a bicicleta é um meio de transporte inclusivo, podendo oferecer condições semelhantes de acessibilidade a empregos e serviços a todas as pessoas, independentemente da sua situação socioeconómica”, lembrando também os benefícios ambientais: “As emissões dos transportes em Portugal, predominantemente com origem no transporte rodoviário, crescem continuamente há uma década e representavam em 2021 mais de 28% das emissões do país. O tráfego rodoviário é, ainda, o principal responsável pela poluição do ar nas cidades, que provoca a morte prematura de cerca de seis mil pessoas cada ano em Portugal”.
Com metade das viagens nas cidades a serem inferiores a 5 km e 30% inferiores a 3 km, defende a associação que “muitas destas poderiam ser feitas de bicicleta, ou até a pé, se existirem condições de conforto e segurança para o uso destes modos de transporte.”
Mas há mais ganhos. “A Federação Europeia de Ciclistas, da qual a MUBi é membro, avaliou em mais de 150 mil milhões de euros os benefícios socioeconómicos anuais da utilização da bicicleta na Europa. Destes, mais de 90 mil milhões representam externalidades positivas na saúde, no ambiente e nos sistemas de mobilidade”, defende-se.
Neste sentido, “o andar a pé e a utilização da bicicleta têm de ter um lugar prioritário nas políticas de mobilidade. Aliás, isso mesmo é reconhecido pela Comissão Europeia, pelo Parlamento Europeu e inclusivamente o Parlamento Português aprovou, com uma expressiva maioria de mais de 90% de votos favoráveis, a recomendação ao Governo que reforce a equipa de coordenação e aumente substancialmente os meios financeiros alocados à implementação da ENMAC 2020-2030”.
Para Portugal poder alcançar as metas de mobilidade sustentável e de descarbonização dos transportes nesta década são necessárias medidas disruptivas e transversais. Promover os modos ativos de deslocação requer investimentos relativamente baixos e rápidos de concretizar, com amplo retorno social, económico e ambiental. A MUBi defende que o Estado deverá investir pelo menos 200 milhões de euros por ano na promoção do uso da bicicleta (equivalente ao investimento per capita em França), começando já no próximo Orçamento do Estado.
Vera Diogo, presidente da MUBi, acrescenta que “a MUBi continuará a trabalhar com as forças políticas e instituições públicas, pressionando para esta urgência. Continuaremos, também, a sensibilizar e mobilizar as comunidades para os importantes e múltiplos benefícios dos modos activos. O Dia Mundial da Bicicleta é uma concretização desta consciência e da necessidade da sua ampliação. O que nos faz bem à saúde e à saúde do planeta deve ser celebrado todos os dias.”